
Ação ocorreu nesta terça-feira, 29, na área da fazenda Solimões, localizada no município de Tomé-Açú, no nordeste do estado.
Indígenas da etnia Tembé, da Terra Indígena (TI) Ture Muriquita, localizada no município de Tomé Açú, no nordeste do Pará, denunciaram que sofreram agressões, incluindo tiros, vindos de seguranças empresa Brasil Bio Fuels (BBF), nesta terça-feira (29).
No vídeo, uma das mulheres da etnia, identificada como Xandir Tembé, afirmou que ela e o primo foram atacados. “O pessoal da BBF vieram machucar a gente aqui. Bateram aqui meu primo. Machucou muito ele”, afirma ela, que explicou estar, com o grupo de indígenas, em uma briga sobre os territórios.
Xandir ainda contou que estavam desarmados e mostrou uma bala. “Tá aqui. Eles atirara
No entanto, a BBF alegou um grupo formado por indígenas e quilombolas tentou invadir terras da fazenda Solimões para ocupar e realizar o furto e roubo de frutos em áreas da empresa. A companhia refutou também a possibilidade de seus seguranças teriam agido com violência. Veja a nota na íntegra ao final do texto.
Sobre o caso, o advogado presidente da comissão de direitos humanos da Ordem de Advogados do Brasil do Pará (OAB), José Maria Vieira, afirmou que trata-se de um conflito entre ambas as partes que ocorre há bastante tempo.
Segundo o advogado da OAB, a empresa adquiriu títulos de terra de origens duvidosas e que são alvos de questionamentos pela parte dos indígenas que vivem na área, e alertou para possível ação da empresa no futuro.
“A BBF pretende fazer uma reintegração de posse do território, sem dialogar com os moradores da Ture Muriquita, a partir de um decisão feita antes de abril pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As reintegrações de terra devem ser feitas após diálogo direto com os residentes da área, nesse caso, os indígenas”, disse.
Além disso, José Maria Vieira ainda insinuou que a empresa realizou um planejamento para que essa reintegração ocorra com a presença da Polícia Militar (PM).
“Eles (PM) não devem agir a favor de interesses privados”, pontuou sobre a corporação.
Para evitar que a ação ocorra, o advogado informou que uma reclamação constitucional será formalizada, para mostrar que a decisão de reintegração não está de acordo com a recente decisão do STF sobre o assunto.
O g1 Pará procurou a Polícia Militar (PM) para esclarecer a possível ação em conjunto com a empresa, mas até a publicação desta matéria, não obteve resposta.
Íntegra da nota da BFF
“A Brasil Bio Fuels (BBF) esclarece que a informação não procede. Não existe ação de reintegração de posse ocorrendo em suas terras no presente momento e também reforça que não procede a informação de ação dentro da terra Indígena Turé Mariquita, localizada em Tomé-Açu, no Estado do Pará.
O que aconteceu na data de hoje foi a tentativa de mais uma invasão nas terras de propriedade da BBF realizada por um grupo formado por indígenas e quilombolas que atuam no furto e roubo de frutos em áreas da Companhia, junto as coordenadas 2,154200S – 48,295633W (fazenda Solimões – de propriedade da BBF), fato já notificado às autoridades públicas da região.
Além disso, a informação de que seguranças da BBF estão agindo com violência no local não procede e a empresa não teve qualquer notificação ou registro sobre tais alegações. A BBF reforça seu compromisso em manter um diálogo construtivo e aberto com as comunidades que residem nos locais onde a empresa atua.”
G1