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A grande mídia nacional produziu obviedades sobre a presença de Moro para depor na PF, como manifestações contra e a favor dele. |
Quem navegou na manhã deste domingo, 3, pelas páginas dos “gigantes” da mídia impressa e virtual brasileira à espera de alguma novidade sobre o depoimento do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro à Polícia Federal de Curitiba, obteve como resultado um noticiário fraquíssimo, até mesmo ridículo e decepcionante. Não foi diferente com sites e blogs comandados por jornalistas experientes.
Parece que um único redator produziu toda a “cobertura” das mais de 8 horas da oitiva de Moro, tamanha a semelhança dos textos do “Estadão”, “Folha” e “O Globo”, para ficar apenas nas três maiores publicações do país. Coisa padronizada, sem sal e sem alma jornalística, o que mostra a crise do setor na produção de material exclusivo. Só faltou dizerem que não produziram nada de interessante porque o depoimento foi sigiloso. CNN, Globo News, Band e outros foram por essa linha com seus times de comentaristas
A tal cobertura não trouxe nenhum “furo”, só furadas, repetições, ilações, algumas previsíveis até pelo menos intuitivo repórter postado na frente da sede da PF curitibana. Como, por exemplo, todos dizerem que o ex-ministro “entregou provas contra Bolsonaro, conversas de e-mails, zap, etc”. Ou que Bolsonaro queria “subordinar a PF aos seus interesses e ter acesso a investigações sigilosas”. Isto é o óbvio ululante, para ficar na frase de Estanislau Ponte Preta.
Chega a ser hilário que todos tenham destacado, à falta do que melhor escrever, o fato de ter aparecido no local um entregador de pizza – ironia dos jornalões? -, certamente para atender aos clamores do estômago de famintos interrogadores e do próprio Moro. Afinal, ninguém é de ferro.
Lógico que, aos poucos, nos próximos dias, ou horas, começarão a surgir trechos mais picantes do depoimento. Os jornalistas mais experientes, embora na quarentena, já estão em campo, tratando disso, para compensar o triste noticiário deste domingo de seus veículos de comunicação. Veja trechos da deprimente mesmice produzida neste domingo pelos ícones da mídia nacional: .
Estadão
“O ex-juiz da Lava Jato apresentou conversas, áudios e e-mails trocados com o presidente Jair Bolsonaro durante o período que ocupou o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Durante a noite, um entregador de delivery levou pizzas para a equipe que acompanhava a oitiva – naquela hora, o depoimento de Moro já durava mais de sete horas. Foram feitas duas pausas durante o dia.
Moro prestou depoimento e acredita-se que tenha apresentado provas que sustentem suas acusações contra o presidente. À revista Veja, o ex-ministro afirmou que apresentaria provas ‘em momento oportuno’ – isso incluiu áudios e inúmeras trocas de mensagens pessoais e de governo trocadas com o presidente pelo WhatsApp, aplicativo favorito de Bolsonaro para delegar ordens a subordinados”.
O Globo
“Em nota, Rodrigo Sanches Rios, adovgado do ex-ministro, informou que “como a investigação está em andamento, nossa manifestação será apenas nos autos”.
Ao depor, o ex-ministro reiterou acusações e entregou novas provas contra Jair Bolsonaro sobre sua atuação para intervir diretamente na Polícia Federal, de acordo com a colunista Bela Megale.
O ex-ministro colocou à disposição seu celular, com acesso a diversas mensagens de aplicativo de interesse dos responsáveis pelo inquérito”.
Folha
“Moro foi prestar depoimento ao lado do advogado Rodrigo Sanchez Rios, que também defendeu alguns presos pela Lava Jato. Entre eles, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, além de ter trabalhado no escritório que defendeu Marcelo Odebrecht.
A ligação foi ironizada por dois filhos do presidente Jair Bolsonaro em publicações em redes sociais.
O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) escreveu “ué…” ao compartilhar publicação que dizia: “O advogado do Sergio Mentiroso é o mesmo advogado da Odebrecht”. O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) também distribuiu a mesma mensagem, com o comentário “Sem novidades!”.
O Antagonista
“Um dia depois de prestar depoimento a respeito das acusações feitas contra Jair Bolsonaro, o ex-ministro Sergio Moro disse no Twitter:
“Há lealdades maiores do que as pessoais.”
Poder 360
“No depoimento, o ex-juiz reafirmou as alegações.
Moro chegou próximo às 14h desse sábado (2.mai.2020) e deixou o local por volta de 23 horas. De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, Moro apresentou à PF áudios, e-mails e conversas que teve com Bolsonaro durante seu tempo como ministro”.
Com informações de Ver-o-Fato